Estou farta que me chamem de cabra, estou farta que me chamem de vaca. Estou farta das bocas, estou farta de ser insultada, estou farta de tudo. Para mim já chega. Que direito têm as pessoas de pensarem que umas simples bocas não magoam? Elas sabem que isso não é verdade. Não compreendo. Quando me olho ao espelho vejo um ser humano, um ser humano com sentimentos, com coração... Não percebo porque é que me insultam, não acho que mereço isso. Estou farta que utilizem desculpas, estou prestes a atingir o meu limite.
Há uns anos atrás, eu era um muro, tudo o que me atingia não me afetava porque simplesmente esse muro era construído com rochas fortes e persistentes. Agora tudo mudou, já não sou uma parede sólida, sou apenas um aglomerado de pedras esquecidas no chão. Fui calcada demasiadas vezes e não quero ser calcada mais nenhuma vez. Não digo isto em voz alta porque sinto que ninguém me irá compreender. É mais fácil ignorar um monte de pedras do que reconstruir um muro.
Palavras insultuosas marcam as pessoas, essas encontram-se gravadas em mim e já não consigo apagá-las. Não há volta a dar. O meu infinito acaba aqui. Vou terminar de escrever o capítulo deste horrível texto e mudar de página. Talvez mude de livro e, assim, não tenha de voltar a ouvir as palavras que magoam. Talvez faça isso. Talvez seja a única solução.