lunedì 29 luglio 2013

esforço


E ele não suportou mais o peso que tinha nas suas costas, não aguentou mais e largou as correntes que o suportavam...

martedì 23 luglio 2013

Morbidez



Corria-lhe sangue entre as veias, entre a sua delicada face. Sangue esse que outrora circulara freneticamente por todo o seu corpo. A coitada vai caindo lentamente. Sinto pena dela, mas não há mais nada que eu possa fazer. Olho para a janela. A lua hoje está alta e mais redonda do que nunca, a luz que é nela refletida é absorvida por aquela pobre criatura. O tempo passa e vejo-a a tornar-se cada vez mais decadente. Mudou de cores, já não está viva nem saudável, agora está a apenas à espera da morte. Morte essa que acabou de chegar. E foi assim que a minha orquídea morreu na minha janela virada para a lua. 

venerdì 19 luglio 2013

provavelmente morta

O universo falou. As rosas já não têm o mesmo cheiro nem os pássaros cantam a mesma canção. O céu ficou preto, a chuva agora é vermelha e tóxica. Não existem sentimentos, apenas ganância e interesse. As almas foram roubadas e despedaçadas para nunca mais voltarem aos seus respetivos corpos. Sou uma sobrevivente, sou uma espécie em vias de extinção. Respiro no pouco ar que me resta, sem saber quanto tempo tenho. Por enquanto, continuo a sentir, não estou morta, mas em breve estarei ...

sabato 13 luglio 2013


Aqui estou eu, como sempre sozinha, fechada num jardim a ouvir a melodia das árvores, a sentir o vento na minha cara e a tentar pensar. A minha mente rende-se e esvazia-se, ocupa-se, dentro dela, uma enorme melancolia que me ataca o corpo todo. Sentada num pequeno banco de ferro, todo revestido com tinta branca e um assento desconfortável de madeira, encontro-me a escrever. O papel é o meu único amigo, nele posso descarregar tudo, sem que se ofenda.
Sinto o sol a escaldar-me a pele, embora o vento gélido me ultrapasse, o sol mantém-me sempre quente e confortável. O calor aquece-me apenas o corpo, pois a alma continua a mesma de sempre: forte, abatida e rígida.
Consigo observar os buracos no chão, a terra dividiu-se, porque não aguenta com mais pressão. Ao dividir-se, perdeu pedaços; pedaços que nunca ninguém conseguirá juntar. Pedaços esquecidos e insignificantes para toda a gente, mas é ela que fica sem eles. Ninguém consegue sentir a falta dessas pequenas porções de terra tão bem quanto ela.
E as pessoas continuam as suas belas vidas, vidas monótonas e sem sentido, vidas injustas e cruéis. A nossa terra permanece a mesma, sempre com os mesmos buracos no chão de um jardim qualquer.

mercoledì 10 luglio 2013

FernandoPessoa


Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não
Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está no pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!